"Somos robôs" reúne 14 bandas em homenagem ao Kraftwerk
Em 1970, Florian Schneider-Esleben e Ralf Hütter, dois jovens artistas de Düsseldorf, na Alemanha, mudaram o panorama da música mundial. Com um misto de ousadia e inovação, os dois transformam o estúdio Kling Klang em uma verdadeira “usina de energia” criativa, o Kraftwerk. Anos mais tarde, eles recebem o reforço de Wolfgang Flür e Karl Bartos naquela que foi a mais próspera formação do quarteto alemão.
Considerados pais da música eletrônica, o Kraftwerk teve, sem exageros, influência no cenário musical mundial em proporções equivalentes ao que os Beatles fizeram em Liverpool uma década antes. Tudo que viria depois e que possuísse algum elemento eletrônico, ecoava Kraftwerk – desde a new wave e a Old School of hip-hop dos anos 80; passando pela massificação da música eletrônica nos anos 90; até o electro-rock e o psy-trance que dominam essa primeira década do século XXI.
Um detalhe importante e primordial fez com que o Kraftwerk influenciasse tanta gente – eles não eram somente “música eletrônica”. Sua música é construída com melodias que não deixam nada a dever para solos de guitarras, feita com instrumentos de verdade, construídos pelos próprios integrantes, que antes do surgimento de laptops e softwares de edição musical, montavam ao vivo aquilo que era produzido e gravado no Kling Klang.
No Brasil não poderia ser diferente, mas engana-se quem pensa que o Kraftwerk só possui influências em dj´s e grupos de música eletrônica. Por aqui o Kraftwerk é rock! A prova disso é o tributo ao Kraftwerk, idealizado pela revista eletrônica www.urbanaque.com.br, Somos Robôs.
São 14 bandas das mais diferentes vertentes do rock e da música eletrônica, de diferentes estados brasileiros, que estão prestando suas homenagens em versões inéditas, e declaram, para surpresa de muitos, a importância e influência do Kraftwerk em suas músicas. Versões surpreendentes que vão da surf music, passam pelo funk carioca, electro rock, e até a flertar com trilha sonora para filmes de Bollywood.
Um pequeno retrato da criatividade dos novos artistas brasileiros e que só reforça a tese de que o Brasil passa por uma das melhores fases musicais dos últimos anos. Produção de norte a sul do país e com um pequeno detalhe, mantendo características regionais e sem perder qualidade.
Para democratizar a música e alcançar o maior número possível de ouvintes, as 14 faixas que compõem o Somos Robôs, não serão comercializadas e sim disponibilizadas para download gratuito no www.urbanaque.com.br.
Abaixo, os depoimentos dos artistas que participaram do Tributo ao Kraftwerk, Somos Robôs, não nos deixam mentir ao dizer que esses alemães são rock!
Dietrich (São Paulo/SP) – “Dietrich empresta seus conhecimentos em homenagem ao Kraftwerk. A releitura teve como base a inspiração e as sensações que a versão original, “Numbers”, criam no intérprete. Dietrich fez uma empolgante montagem eletrônica que contou com a voz de Carolina Manica”.
Astronauta Pingüim (Porto Alegre/RS) – “Escolhi a música “Komtenmelodie” por uma razão bem simples: a melodia é do caralho, mas subestimada por estar no lado B de um disco pouco conhecido do Kraftwerk. O Kraftwerk, como não poderia deixar de ser, foi um dos meus primeiros contatos com a "música eletrônica". Acho que faço até algo mais ou menos "parecido" com eles no meu trabalho solo: música eletrônica, sem ser música eletrônica”.
Revoltz (Cuiabá/MT) – “Uma das referências mais ativas dentro de todas as composições do Revoltz, sem dúvida nenhuma, é a banda alemã Kraftwerk. Deles tiramos todo o minimalismo dos teclados e o sistema mântrico de repetição. Por mais que o som da banda seja eletrônico, vemos que o rock esta presente de uma forma subjetiva dentro de suas musicas. “Autobahn”, foi escolhida por sua forma moderna e quebrada, onde optamos por Rockarizar o Clashismo Dub Pós Punk incutido dentro desta faixa. Melhor que falar é ouvir”.
George Belasco & O Cão Andaluz (Fortaleza/CE) – “’Neon Lights’ e “Metropolis”, além de trazerem essa coisa óbvia da noite e da urbanidade fria, remetem a uma época específica em que o Cão Andaluz era só uma idéia. Serviu como trilha sonora nos momentos que antecediam a saída pros bares, o encontro com as calçadas ou simplesmente a insônia de quem estava numa cidade metida a cosmopolita andando a esmo. Tanto faz imaginar que isso foi em São Paulo ou Fortaleza. Kraftwerk pra gente é ao mesmo tempo referência de clássico e vanguarda. Por mais que tenha influenciado grupos que gostamos bastante como Devo, Depeche Mode, Brian Eno e New Order, o Kraftwerk ainda consegue se manter a frente destes pelo impacto e simplicidade das músicas”.
Trilöbit (Londrina/PR) – “Escolhemos “Athërwellen (Airwaves)” principalmente pela afinidade temática. A música originalmente fala sobre o teremim, instrumento russo que usamos desde o começo da banda. Além disso, a sonoridade que o grupo alemão conseguiu imprimir nesta faixa remete a algo muito próximo à nossa proposta musical, misturando rock, surf e elementos eletrônicos. Kraftwerk é influência notória no som de Trilöbit. A tecnologia que usamos hoje na música, com sintetizadores e programações, só é possível graças ao pioneirismo de bandas como o Kraftwerk. Enfim, não seria exagerado dizer que nosso som deve muito aos alemães e a importância deles para a música que fazemos é imensa”.
Golden Shower (São Paulo/SP) – “Man Machine foi a primeira música e o primeiro disco que ouvi do Kraftwerk. Foi também a banda que abriu meus horizontes musicais na adolescência, até então fadados ao heavy metal e punk rock”.
Lucy and the Popsonics (Brasília/DF) – “Showroom Dummies é o ultraminimalismo. Trata-se de quatro pessoas, o Kraftwerk, que estão se expondo e sendo observados por milhares em seus shows. Eles transmitem sua forma de sentir as pulsações por meio das ondas sonoras. As pessoas respondem ao vibrar, cantar e dançar, enquanto eles se movimentam, no palco, como "manequins de vitrine". Os quatro “showroom dummies” estão expostos. Há movimentos mínimos em seus instrumentos. Os graves, os agudos, as imagens, as cores, as luzes, as sombras dão o máximo do espetáculo, do minimum ao maximum. Em uma combinação de futuro que veio, porém não passou porque ainda há de se concretizar. No princípio era a máquina... então, apareceu o Kraftwerk e constatou-se a existência de sentimento cibernético. Eles estão muito além do acústico, do elétrico e criaram não só as bases do eletrônico do futuro de ontem, mas do presente que virá e do futuro de agora. Kraftwerk é meu pai (Lucy)”.
Porno Chic (São Paulo/SP) – “A principio, quando recebemos o sinal verde para participar do projeto, estávamos em dúvida entre “Sex Object” e “Computer Love”. A escolha da primeira combinou melhor tanto em termos sonoros – a versão ganhou fortes traços do pós-punk –, como literalmente. “I don’t want to be your sex object, show me some feeling and respect”: Nós enxergamos essa frase como certa analogia. Não queremos que o Porno Chic seja apenas um objeto sexual do mercado. Queremos apresentar algo puro e de respeito. A importância é imensurável, sem dúvida. O grupo foi um dos precursores do gênero electropop, e isso nas décadas de 70 e 80, quando o termo sequer havia sido definido. A influência é direta no som da banda. Muitas das nossas composições são feitas com base nos teclados, geralmente inspirados em bandas já clássicas, como o próprio Kraftwerk, e o New Order”.
Nervoso (Rio de Janeiro/RJ) – “’Radioactivity’ possui um tema inspirador e catastrófico, o que me motivou a compor essa versão. Além disso, o Kraftwerk é uma das bandas que mais admiro”.
I.O.N. (Belém/PA) – “Nós ouvimos direto as músicas do Kraftwerk. Até porque queremos compor músicas que tenham características típicas do rock industrial e os alemães são referências indispensáveis. Na verdade, “The Robots” é, sem sombra de dúvida, um clássico, que precisava fazer parte desse projeto”.
Pipodélica (Florianópolis/SC) – “Escolhemos “Ohm Sweet Ohm” porque de alguma forma, desde o seu título, ela parece representar bem o que é o Kraftwerk; e também por vislumbrarmos nela o potencial de trabalharmos mais a fundo com colagens sonoras – que é algo que estamos experimentando ultimamente. Não mensuramos a importância do Kraftwerk nos nossos trabalhos simplesmente porque isso não nos faz sentido. Nunca procuramos seguir nenhuma direção sonora pré-estabelecida. Definitivamente, não é música de A ou B que influencia nosso som. Entretanto, Kraftwerk é banda de preferência comum entre nós. Inconscientemente, vai saber o que pode gerar”.
Daniel Belleza & Os Corações em Fúria (São Paulo/SP) – “A música escolhida por DBCF para o Tributo do Kraftwerk foi a faixa título do disco de 1977, Trans-Europe Express, que para esta ocasião foi rebatizada “Trans-Pompéia Express”, por ter sido ambientada a gravação no clássico bairro paulistano. Além de Daniel Belleza nos vocais, Jeff Molina na bateria, Rangel no baixo e Johnny Monster na guitarra, a versão contou com a participação dos Rock Rocket, Noel e Allan, cantando e fazendo festa junto. O mais interessante na versão dos DBCF foi transformar uma música eletrônica – que inclusive já serviu de base para o rap “Planet Rock” do Afrika Bambaataa – em um rock com os riffs de teclado originais substituídos pela guitarra rocker de Johnny, aliado à ironia do funk carioca”.
Ambervisions (Florianópolis/SC) – “Na verdade, achamos essa bandinha uma bosta, música eletrônica é coisa de perobo. O Kraftwrek não tem nenhuma influência no nosso som!”.
Gerador Zero (Rio de Janeiro/RJ) – “Eu sempre curti demais essa música e já tinha uma versão bastante adiantada que eu tocava nos shows, então foi uma questão de aproveitar o que já estava feito. No fim não adiantou muita coisa, acabei refazendo praticamente do zero!”.
Somos robôs (Lista de músicas)
1 - I.O.N – The robots
2 - Lucy and The Popsonics – Showroom Dummies
3 - Golden Shower – Mehn Maashyn_aka_The_Man Machine (Bollywood Version)
4 – Porno Chic – Sex Object
5 – Ambervisions – Pocket Calculator
6 – Dietrich - Numbers
7 – Daniel Belleza & Os Corações em Fúria (com Rock Rocket) – Trans-Pompéia Express
8 – George Belasco & O Cão Andaluz - Metropolis + Neon Lights
9 – Revoltz - Autobah
10 – Gerador Zero – The Man Machine
11 – Trilöbit - Athërwellen (Airwaves)
12 – Astronauta Pingüim - Komtenmelodie
13 – Pipodélica - Ohm Sweet Ohm
14 – Nervoso – Radioactivity (Holocausto mix)

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««la cucina»»
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