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O grande barato da minha adolescência era criar coletâneas de 60min, 30 de cada lado de uma fitinha K7, minha cidade nunca vendeu música (e até hoje não vende). Minha família é toda, inclusive as ramificações de tios, primos, padrinhos e afins, adepta da música ou sertaneja ou gaúcha, quando muito umas trilhas de novela.Logo, para não me tornar um deles, eu ficava zapeando as FMs de madrugada gravando o que julgava ser algo legal, no outro dia, com a ajuda de um walkman emjambrado num gravadorzinho eu editava as faixas, tirando as vinhetas das rádios, os comerciais, a voz do desgraçado do locutor, e assim ia se formando a minha coleção de fitas K7.
Lembro perfeitamente de sair com os amigos à noite e era sagrado perceber a silhueta retangular de uma K7 nos bolsos da catrefa.Isso até pode ter um tom nostálgico, mas não tem nem 15 anos essa historia toda.
Pois bem, hoje é o reino da tecnologia, iPods, iPobres, iFods e afins, minhas fitinhas deram espaço aos podcasts que randomicamente tiro uma ou duas horas pra fazer, sei muito bem que até minha pequena Julia ter idade pra escolher o que vai ouvir, até os podcasts vão ser coisa de Almanaque Abril, pois tudo passa muito rápido, horas atrás eu ainda tava ressacado das festas de fim de ano e já é fevereiro.
Eu até cheguei a pensar que a baboseira do penúltimo "De Volta Para o Futuro" fosse algo lúdico (e é!).
Só me resta andar na rua com os bolsos da calça pra fora pra ser moderno.

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